CARTA QUE A MINHA MÃE NUNCA IRÁ LER

Minha mãe querida:

Colocar sentimentos tão nobres em palavras é extremamente difícil. Exprimir todo o amor e admiração que sinto por ti é de todo impossível. No entanto, vou tentar dizer o que sinto por ti, mesmo sabendo que nunca lerás esta carta.

Não me lembro do colo, do carinho ou miminhos que me tenhas dado. Mulher forte e trabalhadora que és, lembro-me da luta diária para que nada me faltasse e assim estar á altura de me fornecer todas as necessidades básicas.

Não me recordo de que me tenhas dado brinquedos, á excepção de um boneco careca que guardo até hoje talvez por ter sido um gesto tão raro e precioso, e olha que eu não era muito diligente com as minhas coisas...

No entanto lembro-me de quando os poucos amigos que tinha me magoaram profundamente num rol de mentiras e traições, e eu, arrasada de dor, te tive do meu lado como pilar forte que me ajudou a reerguer, lembras-te? E olha que eu sei que tu também estavas a sofrer por mim.

E a paciência "de anjo" que tiveste quando enfrentei a morte de alguém muito querido, e eu, com raiva do mundo, andava totalmente cega de ira.

Hoje, costumas dizer que sou a tua melhor amiga, não ... mãe ... não, tu é que és e sempre serás a melhor amiga do mundo.

Um dia se te vir partir deixarás o meu coração e a minha alma órfãos e um abismo enorme no meu ser. Por isso, te valorizo todos os dias desejando que o adeus entre nós nunca aconteça.

Um beijo mãezinha